Immanuel Kant (
Königsberg,
22 de abril de
1724 — Königsberg,
12 de fevereiro de
1804) foi um filósofo
prussiano, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da
era moderna.
Depois de um longo período como professor secundário de
geografia, começou em 1755 a carreira universitária ensinando
Ciências Naturais. Em 1770 foi nomeado professor catedrático da
Universidade de Königsberg,
cidade da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só
dedicada aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre
ciência, física, matemática, etc.
Kant operou, na
epistemologia, uma síntese entre o
racionalismo continental (de
René Descartes e
Gottfried Leibniz, onde impera a forma de
raciocínio dedutivo), e a
tradição empírica inglesa (de
David Hume,
John Locke, ou
George Berkeley, que valoriza a
indução).
Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado
idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos
a priori
(aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do
mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A
filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma
das mais determinantes fontes do
relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do
século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas contemporâneas, como por exemplo o
Pós-modernismo.
Kant é também conhecido pela filosofia
moral e pela proposta, a primeira moderna, de uma teoria da formação do
sistema solar, conhecida como a
hipótese Kant-Laplace.
A menoridade humana
Kant define a palavra esclarecimento como a saída do homem de sua
menoridade. Segundo esse pensador, o homem é responsável por sua saída
da menoridade. Kant define essa menoridade como a incapacidade do homem
de fazer uso do seu próprio entendimento.
A permanência do homem na menoridade se deve ao fato de ele não ousar
pensar. A covardia e a preguiça são as causas que levam os homens a
permanecerem na menoridade. Um outro motivo é o comodismo. É bastante
cômodo permanecer na área de conforto. É cômodo que existam pessoas e
objetos que pensem e façam tudo e tomem decisões em nosso lugar. É mais
fácil que alguém o faça, do que fazer determinado esforço, pois já
existem outros que podem fazer por mim. Os homens quando permanecem na
menoridade, são incapazes de fazer uso das próprias pernas,são incapazes
de tomar suas próprias decisões e fazer suas próprias escolhas.
Em seu texto
O que é o Iluminismo?, Kant sintetiza seu otimismo iluminista
1
em relação à possibilidade de o homem seguir por sua própria razão, sem
deixar enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias. Nele,
descreve o processo de ilustração como sendo "a saída do homem de sua
menoridade", ou seja, um momento em que o ser humano, como uma criança
que cresce e amadurece, se torna consciente da força e inteligência para
fundamentar, sob o conhecimento à priori, a sua própria maneira de
agir, sem a doutrina ou tutela de outrem.
Kant afirma que é difícil para o homem sozinho livrar-se dessa
menoridade, pois ela se apossou dele como uma segunda natureza. Aquele
que tentar sozinho terá inúmeros impedimentos, pois seus tutores sempre
tentarão impedir que ele experimente tal liberdade. Para Kant, são
poucos aqueles que conseguem pelo exercício do próprio espírito
libertar-se da menoridade.
Vida
Túmulo de Immanuel Kant em Kaliningrado (antigo Königsberg)
Kant nasceu, viveu e morreu em
Königsberg (atual
Kaliningrado), na altura pertencente à
Prússia.
Foi o quarto dos nove filhos de Johann Georg Kant, um artesão
fabricante de correias (componente das carroças de então) e da mulher
Regina. Nascido numa família
protestante (Luterana), teve uma educação austera numa escola
pietista, que frequentou graças à intervenção de um pastor. Ele próprio foi um cristão devoto por toda a sua vida.
Passou grande parte da juventude como estudante, sólido mas não
espetacular, preferindo o bilhar ao estudo. Tinha a convicção curiosa de
que uma pessoa não podia ter uma direcção firme na vida enquanto não
atingisse os 39 anos. Com essa idade, era apenas um
metafísico
menor numa universidade prussiana, mas foi então que uma breve crise
existencial o assomou. Pode argumentar-se que teve influência na
posterior direcção.
Kant foi um respeitado e competente professor universitário durante
quase toda a vida, mas nada do que fez antes dos 50 anos lhe garantiria
qualquer reputação histórica. Viveu uma vida extremamente regulada: o
passeio que fazia às 15:30 todas as tardes era tão pontual que as
mulheres domésticas das redondezas podiam acertar os relógios por ele.
Kant nunca deixou a Prússia e raramente saiu da cidade natal. Apesar
da reputação que ganhou, era considerado uma pessoa muito sociável:
recebia convidados para jantar com regularidade, insistindo que a
companhia era boa para a constituição física.
Por volta de
1770, com 46 anos, Kant leu a obra do filósofo escocês
David Hume. Hume é por muitos considerados um
empirista ou um
cético, muitos autores o consideram um
naturalista.
Kant sentiu-se profundamente inquietado. Achava o argumento de
Hume irrefutável, mas as conclusões inaceitáveis. Durante 10 anos não publicou nada e, então, em
1781 publicou a "
Crítica da Razão Pura", um dos livros mais importantes e influentes da
moderna filosofia.
Neste livro, ele desenvolveu a noção de um argumento transcendental
para mostrar que, em suma, apesar de não podermos saber necessariamente
verdades sobre o mundo "como ele é em si", estamos forçados a
percepcionar e a pensar acerca do mundo de certas formas: podemos saber
com certeza um grande número de coisas sobre "o mundo como ele nos
aparece". Por exemplo, que cada evento estará causalmente conectado com
outros, que aparições no espaço e no tempo obedecem a leis da
geometria, da
aritmética, da física, etc.
Nos cerca de vinte anos seguintes, até a morte em
1804, a produção de Kant foi incessante. O seu edifício da filosofia crítica foi completado com a
Crítica da Razão Prática, que lidava com a moralidade de forma similar ao modo como a primeira crítica lidava com o conhecimento; e a
Crítica do Julgamento,
que lidava com os vários usos dos nossos poderes mentais, que não
conferem conhecimento factual e nem nos obrigam a agir: o julgamento
estético (do Belo e Sublime) e julgamento
teleológico
(Construção de Coisas Como Tendo "Fins"). Como Kant os entendeu, o
julgamento estético e teleológico conectam os nossos julgamentos morais e
empíricos um ao outro, unificando o seu sistema.
Uma das obras, em particular, atinge hoje em dia grande destaque entre os estudiosos da filosofia moral.
A Fundamentação da Metafísica dos Costumes
é considerada por muitos filósofos a mais importante obra já escrita
sobre a moral. É nesta obra que o filósofo delimita as funções da ação
moralmente fundamentada e apresenta
conceitos como o "
Imperativo categórico" e a "
Boa vontade".
Os trabalhos de Kant são a sustentação e ponto de início da moderna filosofia alemã; como diz
Hegel, frutificou com força e riqueza só comparáveis à do socratismo na história da filosofia grega.
Fichte,
Hegel,
Schelling,
Schopenhauer,
para indicar apenas os maiores, inscrevem-se na linhagem desse
pensamento que representa uma etapa decisiva na história da filosofia e
está longe de ter esgotado a sua fecundidade.
2
Kant escreveu alguns ensaios medianamente populares sobre história,
política e a aplicação da filosofia à vida. Quando morreu, estava a
trabalhar numa projetada "quarta crítica", por ter chegado à conclusão
de que seu sistema estava incompleto; este manuscrito foi então
publicado como
Opus Postumum. Morrera em
12 de fevereiro de 1804 na mesma cidade que nascera e permanecera durante toda sua vida. Encontra-se sepultado no
Cemitério do Caliningrado,
Caliningrado,
Kaliningradskaya Oblast' na
Rússia.
3
Filosofia, o "Criticismo"
"Heróis da Paz" Kant esculpido na Estátua equestre.
O "criticismo" kantiano
4 parte na confluência do
racionalismo, do
empirismo inglês (
David Hume) e a
ciência física-
matemática de
Isaac Newton. Seu caminho histórico está assinalado pelo governo de
Frederico II, a
independência americana e a
Revolução Francesa.
As questões de partida do Kantismo são o problema do conhecimento, e a
ciência, tal como existe. A ciência se arranja de juízos que podem ser
analíticos
e sintéticos. Nos primeiros (o quadrado tem quatro lados e quatro
ângulos internos), fundados no princípio de identidade, o predicado
aponta um atributo contido no sujeito. Tais juízos independem da
experiência, são universais e necessários. Os sintéticos, a posteriori
resultam da experiência e sobrepõem ao sujeito no predicado um atributo
que nele não se acha previamente contido (o calor dilata os corpos ),
sendo, por isso, privados e incertos.
Uma indagação iminente que o levara à sintetização do pensar: Que
juízos constituem a ciência físico matemática? Caso fossem analíticos, a
ciência sempre diria o mesmo (e não é assim), e, se fossem sintéticos
um hábito sem fundamento (o calor dilata os corpos porque costuma
dilatá-los). Os juízos da ciência devem ser, ao mesmo tempo, a priori,
quer dizer, universais e necessários, e sintéticos objetivos, fundados
na experiência. Trata-se pois, de saber como são possíveis os juízos
sintéticos a priori na matemática e na física, ("Estética
transcendental" e "Analítica transcendental"), e se são possíveis na
metafísica ("Dialética transcendental", partes da Crítica da razão pura).
Para os juízos sintéticos a priori são admissíveis na matemática
porque essa ciência se fundamenta no espaço e no tempo, formas a priori
da sensibilidade, intuições puras e não conceitos de coisas como
objetos. O espaço é a priori, não deriva da experiência, mas é sua
condição de possibilidade. Podemos pensar o
espaço sem coisas, mas não coisa sem espaço. O espaço é o objeto de intuição e não conceito, pois não podemos ter
intuição do objeto de um
conceito (pedra, carro, cavalo, etc.),
gênero ou
espécie. Ora, o espaço não é nem uma coisa nem outra, e só há um espaço (o
nada, referindo ao espaço).
Na apresentação "
transcendental"
do espaço, Kant determina as condições subjetivas ou transcendentais da
objetividade. Se o conhecimento é relação, ou relacionamento (do
sujeito com o objeto), não, pode conhecer as coisas "em si", mas "para
nós".
A
geometria
pura, quando aplicada, coincide totalmente com a experiência, porque o
espaço é a forma a priori da sensibilidade externa. O tempo é, também, a
priori. Podemos concebê-lo sem acontecimentos, internos ou externos,
mas não podemos conceber os acontecimentos fora do tempo. Objeto de
intuição, não pode ser conceito. Forma vazia, intuição pura, torna
possíveis por exemplo os juízos sintéticos a priori na aritmética, cujas
operações (soma, subtração, etc.), ocorrendo sucessivamente, o
pressupõem. O tempo é, pois, a forma a priori da sensibilidade interna e
externa.
Esse privilégio explica a compenetração da geometria e da
aritmética. A geometria analítica (
Descartes) permite reduzir as figuras a equações e vice-versa. O cálculo infinitesimal (
Leibniz)
arremata essa compenetração definindo a lei de desenvolvimento de um
ponto em qualquer direção do espaço. A matemática é pois, um conjunto de
leis a priori, que coincidem com a experiência e a tornam cognoscível.
As condições de possibilidade do conhecimento sensível são, portanto,
as formas a priori da sensibilidade. Não existe a "coisa em si". Se
existisse não se poderia a conhecer enquanto tal, e nada se poderia
dizer a seu respeito. Só é possível conhecer coisas extensas no espaço e
sucessivas no tempo, enquanto se manifestam, ou aparecem, ou seja,
"fenômenos,
Na "analítica transcendental", Kant analisa a possibilidade dos
juízos sintéticos a priori na física. Compreendemos que a natureza é
regida por leis matemáticas que ordenam com rigor o comportamento das
coisas (o que permite ciências como engenharia, etc., serem possíveis o
determinismo com certa regularidade). Não há como saber das coisas com
apenas percepções sensíveis, impressões. Há um conhecimento a priori da
natureza. A função principal dos juízos da natureza. Ora, a função
principal dos juízos é pôr, colocar a realidade e, em seguida,
determiná-la. As diversas formas do juízo deverão, portanto, conter as
diversas formas da realidade.
Essa formas estão estudadas desde
Aristóteles,
que as classifica de acordo com a quantidade, a qualidade, a relação e a
modalidade. Na "Dedução transcendental" das categorias, Kant volta a
classificação aristotélica, dando-lhe novo sentido. Assim, à quantidade,
correspondem a unidade, a pluralidade e a totalidade; à qualidade a
essência, a negação e a limitação; a relação a substância, a causalidade
e a ação recíproca; à modalidade, a possibilidade, a existência e a
necessidade.
Tais categorias são as condições de possibilidade dos juízos
sintéticos a priori em física. As condições do conhecimento são, enfim,
como se acabe de ver, as condições prévias da objetividade. A ciência da
natureza postula a existência de objetos, sua consistência e as
relações de causa e efeito. Se as categorias universais, particulares e
contingentes, devem proceder de nós mesmos, de nosso entendimento.
Em tal descoberta consiste a "inversão copernicana", realizada por
Kant. Não é o objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que
determina o objeto. As categorias são conceitos, todavia, puros, a
priori, anteriores à experiência e que, por isso, a tornam possível. Em
suma, o objeto só se torna cognoscível na medida em que o sujeito que
determina o objeto. Em suma, o objeto só se torna cognoscível na medida
em que o sujeito cognoscente o reveste das condições de
cognoscibilidade.
5
Na "dialética transcendental", finalmente Kant examina a
possibilidade dos juízos sintéticos a priori na metafísica. A "coisa em
si" (alma, Deus, essência do cosmos, etc.), não nos é dada em
experiência alguma. Ora, como chega a razão a formar esses objetos?
Sintetizando além da experiência, fazendo a síntese das sínteses, porque
aspira ao infinito, ao incondicionado, ao absoluto. Nas célebres,
"antinomias", Kant mostra que a razão pura demonstra,
"indiferentemente", a finitude e a infinitude do universo, a liberdade e
o determinismo, a existência e a inexistência de Deus. Ultrapassando os
limites da experiência, aplica arbitrariamente as categorias e pretende
conhecer o incognoscível. A metafísica é impossível como ciência, pois
não se pode chegar mais, além disso.
Juízo estético de Kant
Retrato de Immanuel Kant.
O juízo estético é abordado no livro
Crítica da Faculdade do Juízo.
De acordo com Kant para se ter uma investigação crítica a respeito do
belo, devemos estar orientados pelo poder de julgar. E a indagação
básica que move essa investigação crítica a respeito do belo é: existe
algum valor universal que conceitue o belo e que reivindique que outras
pessoas, a partir da minha apreciação de uma forma bela da natureza ou
da arte, confirmem essa posição? Ou então somos obrigados a admitir que
todo objeto que julgamos como sendo belo é uma valoração subjetiva?
O poder de julgar, pertencendo a todo sujeito, é universal e congraça
o julgamento estético, especulativo e prático. Portanto a investigação
crítica que Kant se refere diz respeito às possibilidades e limitações
das faculdades subjetivas que agem sob princípios formulados e que
pertencem à essência do pensamento.
Como podemos desnudar o fenômeno que explica o nosso gosto? Se
fizermos uma experiência com vários indivíduos e o defrontarmos com um
objeto de arte, observaremos que as impressões causadas serão as mais
diversas. Então chegaremos à conclusão de que a observação atenta e
valorativa daquele objeto, somada as diferentes opiniões que foram
apresentadas pelos indivíduos, nos dá respaldo para afirmar que o gosto
tem que ser discutido. Para Kant apenas sobre gosto se discute, ao passo
que, representa uma reivindicação para tornar universal um juízo
subjetivo.
A universalidade do juízo estético é detectada por envolver um
exercício persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela
determinada forma da natureza ou da arte é bela. E, dessa forma, torna
aquele valor universal. Os sujeitos têm em comum um princípio de
avaliação moral livre que determina a avaliação estética e, portanto,
julga o belo como universal.
O juízo estético está relacionado ao prazer ou desprazer que o objeto
analisado nos imprime e, como se refere Kant, o belo "é o que agrada
universalmente, sem relação com qualquer conceito". Essa situação fica
bem evidente quando visitamos um museu. Digamos que essa experiência
fosse realizada no Museu do Louvre, em Paris, com o quadro Monalisa. Se
nos colocarmos como observador, perceberemos que os mais diversos
comentários serão tecidos a cerca dessa obra tão famosa.
Detendo-nos na análise dos comentários favoráveis notaremos que,
ratificando Kant, o belo não está arraigado em nenhum conceito. Pois,
dos vários indivíduos que vão apreciar a obra de Leonardo da Vinci,
encontraremos desde pessoas especializadas em arte até leigos, como eu
ou você, que vão empregar cada qual um conceito, de acordo com a
percepção, após a contemplação da Monalisa. Então isso comprova que não
existe uma definição exata a cerca do belo, mas sim um sentimento que é
universal e necessário.
Em sua
Crítica da Faculdade do Juízo, Kant também discorre
sobre o Juízo Reflexionante, no tocante à observação da Natureza. Kant
reconhece que, nas ciências baseadas na observação empírica, existem
diversas leis, padrões e comportamentos regulares que não são
determinados analiticamente a partir das leis a priori do entendimento.
Para garantir a necessidade dessas leis empíricas, ele lança mão do
juízo reflexionante, o qual, “comparável à indução científica, [...]
procede da diversidade particular das leis a um princípio unificador
transcendental”
6
. Esse ideal de organização sistemática nos encaminha a considerar a
existência de um propósito maior, que possibilite uma experiência
unificada para o entendimento da Natureza
7
. tal raciocínio leva esse filósofo a reconhecer a necessidade de uma
ideia de finalidade que englobe toda a Natureza enquanto tal (e que, no
caso tratado, seria também responsável pela harmonia observável no mundo
natural)
6 .
Note-se que a referida ideia de finalidade atribuída ao mundo natural
é apenas um princípio regulador, sem meios de ser comprovada a priori
por nosso aparato cognitivo, mas a qual precisamos adotar para resolver
nossas questões práticas de conhecimento
8
. Devemos estar sempre conscientes de que se trata de uma
pressuposição, mas não de imputação como tal. Em vez de afirmar que
existe realmente essa finalidade, afirmaríamos que tudo se passa como se
a mesma existisse
6 .
É nesses termos que se torna coerente a tese de que nunca poderia
haver um “Newton dos Talos de Grama”, pois a Física, definida com base
em conceitos puros do entendimento a priori, estaria em um grau de
certeza superior aos conhecimentos que necessitam da suposição de um
princípio regulador teleológico (visto ser necessário supor que a grama
tem como finalidade o seu próprio crescimento).
8
O juízo teleológico terá uma importância primordial na obra kantiana,
visto que somente a partir dele será possível intermediar a causalidade
natural com a finalidade moral. Enfim, o juízo teleológico conseguirá
transitar da ideia de uma harmonia interna ao sujeito transcendental
(das faculdades mentais subjetivas, que é a pressuposição para o juízo
estético), para uma harmonia que resida na própria Natureza
8
. E para falar de uma finalidade em um objeto da Natureza, é preciso
que esse objeto seja causa final de si mesmo, de maneira que o “nexo das
partes seja tal que cada parte pareça determinada pelo todo; e o todo,
por seu turno, não seja possível senão pelas partes”
6
. Os principais exemplos dos objetos em questão serão os seres
orgânicos, os quais se organizam a si mesmos e, no contexto mais amplo,
formam uma harmonia maior: o ambiente natural.
Consequencialmente, Kant define dois métodos para se investigar a
Natureza. Primeiro, o conhecimento discursivo fundado nas causas
eficientes e, portanto, no determinismo causal, cujo exemplo é a Física;
e, em segundo lugar, de um entendimento intuitivo, que inicia por supor
finalidades em um ser vivo, ou mesmo na Natureza enquanto todo orgânico
para, em seguida, investigar suas partes.
8
O juízo teleológico que, como vimos, está ancorado no juízo
reflexionante, é imprescindível para o estudo concernente aos fenômenos
vitais. Embora não possamos aplicá-lo com o rigor de uma causa
eficiente, conforme se faz na Física, o juízo em foco deve ser um fio
condutor para o cientista da Natureza, para que ele compreenda os seres
vivos e o ambiente natural.
8
A paz perpétua
A paz perpétua trata que o direito cosmopolítico deve
circunscrever-se às condições de uma hospitalidade universal. Dessa
forma, Kant traz no terceiro artigo definitivo de um tratado de paz
perpetua, o fato de que existe um direito cosmopolitano relacionado com
os diferentes modos do conflito dos indivíduos intervirem nas relações
com outros indivíduos. A pessoa que está em seu território, no seu
domínio, pode repelir o visitante se este interfere em seu domínio.
No entanto, caso o visitante mantenha-se pacifico, não seria possível
hostiliza-lo. Também, não se trata de um direito que obrigatoriamente o
visitante poderia exigir daquele que o tem assim, mas sim, de um
direito que persiste em todos os homens, o do direito de apresentar-se
na sociedade.
O direito de cada um na superfície terrestre pode ser limitada no
sentido da superfície. Já o indivíduo deve tolerar a presença do outro,
sem interferir nele, visto que tal direito persiste a toda espécie
humana. Então, o direito da posse comunitária da superfície terrestre
pertence a todos aqueles que gozam da condição humana, existindo uma
tolerância de todos a fim de que se alcance uma convivência plena.
Veja que o ato de hostilidade está presente no ato do direito de
hospitalidade. Mesmo que o espaço seja limitado, os indivíduos devem se
comportar pacificamente com o intuito de se alcançar a paz de convívio
mútuo. O relacionamento entre as pessoas está na construção dos direitos
de cada um, sendo indispensável para a compreensão do direito
cosmopolítico de modo a garantir as condições necessárias para termos
uma hospitalidade universal.
Por fim, a não violação do direito cosmopolitano e o direito público
da humanidade criará condições para o favorecimento da paz perpetua,
proporcionando a esperança de uma possível aproximação do estado
pacífico.
Crítica e sistema
"Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que se podem tornar nocivos a todos e, por último, também o idealismo e o cepticismo, que são sobretudo perigosos para as escolas e dificilmente se propagam no público." |
Kant, Crítica da razão pura, B XXXIV.9 |
Apesar de ter adaptado a ideia de uma filosofia crítica, cujo
objectivo primário era "criticar" as limitações das nossas capacidades
intelectuais, Kant foi um dos grandes construtores de sistemas, levando a
cabo a ideia de crítica nos seus estudos da metafísica, ética e
estética.
Uma citação famosa - "o céu estrelado por sobre mim e a lei moral
dentro de mim" - é um resumo dos seus esforços: ele pretendia explicar,
numa teoria sistemática, aquelas duas áreas.
Isaac Newton
tinha desenvolvido a teoria da física sob a qual Kant queria edificar a
filosofia. Esta teoria envolvia a assunção de forças naturais de que os
homens não se apercebem, mas que são usadas para explicar o movimento
de corpos físicos.
O seu interesse na ciência também o levou a propor em
1755 que o sistema solar fora criado a partir de uma nuvem de gás na qual os objectos se condensaram devido à
gravidade. Esta
Hipótese Nebular
é amplamente reconhecida como a primeira teoria moderna da formação do
sistema solar e é precursora das actuais teorias da formação estelar.
Metafísica e epistemologia de Kant
O livro mais lido e mais influente de Kant é a
Crítica da Razão Pura (
1781). De acordo com o próprio autor, a obra, também conhecida como "primeira crítica", é resultado da leitura de
Hume e do seu despertar do
sono dogmático, a saber: Kant se perguntou como são possíveis
juízos sintéticos
a priori? Para responder a essa pergunta, Kant escreveu esse livro portentoso, de mais de 800 páginas.
Na primeira crítica, Kant vai mostrar que tempo e espaço são formas
fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que existem como
ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.
Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e que não tem extensão no espaço.
5 A mente humana não pode produzir tal ideia. Nada pode ser percebido excepto através destas formas, e os limites da
física são os limites da estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos conhecer fora do espaço e do tempo.
Mas além das formas da sensibilidade, Kant vai nos dizer que há também o entendimento, que seria uma faculdade da
razão. O entendimento nos fornece as categorias com as quais podemos operar as sínteses do diverso da experiência.
Assim, como são possíveis
juízos sintéticos
a priori? São possíveis porque há uma faculdade da razão - o entendimento - que nos fornece categorias
a priori - como causa e efeito - que nos permitem emitir juízos sobre o mundo.
Contudo, diz Kant, as categorias são próprias do conhecimento da
experiência. Elas não podem ser empregadas fora do campo da experiência.
Daí porque, na filosofia crítica de Kant, não nos é possível conhecer
a coisa em si, ou aquilo que não está no campo
fenomenológico da experiência.
Na perspectiva de Kant, há, por isso, o conhecimento
a priori
de algumas coisas, uma vez que a mente tem que ter estas categorias, de
forma a poder compreender a massa sussurrante de experiência crua,
não-interpretada que se apresenta às nossas consciências. Em segundo
lugar, ela remove o mundo real (a que Kant chamou o mundo numenal ou
númeno) da arena da percepção humana.
Kant denominou a filosofia crítica de "
idealismo
transcendental". Apesar da interpretação exacta desta frase ser
contenciosa, uma maneira de a compreender é através da comparação de
Kant, no segundo prefácio à "Crítica da Razão Pura", da filosofia
crítica com a
revolução copernicana na
astronomia.
|
Até aqui, foi assumido que todo o nosso conhecimento deve
conformar-se aos objectos. Mas todas as nossas tentativas de estender o
nosso conhecimento de objectos pelo estabelecer de qualquer coisa a priori
a seu respeito, por meios de conceitos, acabaram, nesta suposição, por
falhar. Temos pois, por tentativas, que ver se temos ou não mais sucesso
nas tarefas da metafísica, se supusermos que os objectos devem corresponder ao nosso conhecimento. |
|
Tal como Copérnico revolucionou a astronomia ao mudar o ponto de vista, a filosofia crítica de Kant pergunta quais as condições
a priori para que o nosso conhecimento do mundo se possa concretizar.
O idealismo transcendental descreve este método de procurar as
condições da possibilidade do nosso conhecimento do mundo. Mas esse
idealismo transcendental de Kant deverá ser distinguido de sistemas
idealistas, como os de
Berkeley.
Enquanto Kant acha que os fenómenos dependem das condições da
sensibilidade, espaço e tempo, esta tese não é equivalente à
dependência-mental no sentido do idealismo de Berkeley.
Para Berkeley, uma coisa é um objecto apenas se puder ser
percepcionada. Para Kant, a percepção não é o critério da existência dos
objectos. Antes, as condições de sensibilidade - espaço e tempo -
oferecem as "condições epistémicas", para usar a frase de
Henry Allison,
requeridas para que conheçamos objectos no mundo dos fenómenos. Kant
tinha querido discutir os sistemas metafísicos mas descobriu "o
escândalo da filosofia": não se pode definir os termos correctos para um
sistema metafísico até que se defina o campo, e não se pode definir o
campo até que se tenha definido o limite do campo da física - física, no
sentido de discussão do mundo perceptível.
Kant afirma, em síntese, que não somos capazes de conhecer
inteiramente os objetivos reais visto que o nosso conhecimento sobre os
objetos reais é apenas fruto do que somos capazes de pensar sobre eles.
Filosofia moral
Estátua de Immanuel Kant em Kaliningrado
Immanuel Kant desenvolve a filosofia moral em três obras:
Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785), Crítica da Razão
Prática (1788) e Crítica do Julgamento (1790).
Nesta área, Kant é provavelmente mais bem conhecido pela teoria sobre
uma obrigação moral única e geral, que explica todas as outras
obrigações morais que temos: o
imperativo categórico.
|
Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal. |
|
O imperativo categórico, em termos gerais, é uma obrigação
incondicional, ou uma obrigação que temos independentemente da nossa
vontade ou desejos (em contraste com o
imperativo hipotético).
As nossas obrigações morais podem ser resultantes do imperativo
categórico. O imperativo categórico pode ser formulado em três formas,
que ele acreditava serem mais ou menos equivalentes (apesar de opinião
contrária de muitos comentadores):
§ A primeira formulação (a fórmula da lei universal) diz: "Age
somente em concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao
mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal".
§ A segunda fórmula (a fórmula da humanidade) diz: "Age por forma a
que uses a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre
ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio".
§ A terceira fórmula (a fórmula da autonomia) é uma síntese das duas
prévias. Diz que deveremos agir por forma a que possamos pensar de nós
próprios como leis universais legislativas através das nossas máximas.
Podemos pensar em nós como tais legisladores autônomos apenas se
seguirmos as nossas próprias leis..
A Geografia em Kant
Além de seu trabalho filosófico, Kant também foi professor de Física,
Antropologia, Geografia, Lógica, Metafísica e outras disciplinas. A
contribuição de Kant à Geografia deu-se tanto por seu trabalho como
professor geógrafo, quanto também por suas reflexões sobre o papel da
Geografia no estudo dos fenômenos naturais, dentro de seu sistema
filosófico sobre o conhecimento humano.
O curso de Geografia Física, ministrado por Kant, era ofertado no
período inicial dos cursos universitários e tinha como proposta
apresentar aos alunos um “sumário da natureza”, ou seja, um quadro geral
do saber humano mostrando ser possível conhecer o mundo de uma maneira
integrada e sistemática. Esse quadro geral, além de propiciar ao aluno
uma base de conhecimentos empíricos, necessários para os raciocínios e
pesquisas científicos posteriores de seu curso, também consistiria em um
primeiro contato com o que seria uma propedêutica do conhecimento
científico do mundo.
10
Kant nunca publicou um livro específico sobre o seu curso de
Geografia. Porém, ao fim de sua vida, permitiu que um antigo aluno
publicasse uma obra contendo as notas de sua disciplina. Essa publicação
autorizada condensa muito do conhecimento geográfico existente na época
de Kant e torna-se um dos livros referenciais na história do pensamento
geográfico.
11
Kant identificava a Geografia em cinco partes, a saber: Geografia
Matemática (forma, dimensão, e movimento da Terra), Geografia Moral (os
costumes e o caráter do homem em relação ao meio ambiente), Política,
Mercantil (comercial), e Teológica (a distribuição das religiões).
12
Em sua obra filosófica, cumpre destacar duas grandes contribuições à
Geografia: [1] a classificação da Geografia como ciência dentro do
esquema do conhecimento humano e [2] as obras kantianas que tratam sobre
o tema da observação e do estudo dos fenômenos naturais
13 .
Kant nos apresenta duas definições da Geografia. Na primeira, nos
define a Geografia como a ciência da diferenciação da crosta terrestre.
Na segunda, seria a ciência responsável pela descrição das coisas em
termos de espaço
12
. Essa segunda definição será de grande relevância para classificação
científica da Geografia dentro do sistema Kantiano, devido à importância
da intuição de espaço na teoria do conhecimento de sua obra “Crítica da
Razão Pura”. Enquanto a História seria a responsável pela descrição
temporal dos fenômenos, cabe à Geografia a descrição dos dados em sua
organização espacial
14
. Essa organização confere um status de especificidade ao método
geográfico (descrição espacial), que lhe assegura um lugar no rol das
ciências.
Kant também classificou as ciências quanto ao seu objeto,
dividindo-as em ciências específicas (de um só objeto) e ciências de
síntese, sendo que estas últimas seriam responsáveis por aglutinar e
integrar os conhecimentos das demais ciências. À Geografia cabe o título
de ciência de síntese dos fenômenos naturais
10
, enquanto à Antropologia cabe o de síntese dos conhecimentos sobre a
estrutura humana. Nesse tocante, cabe ressaltar que os fenômenos
naturais, objeto da Geografia, abarcavam todos os fenômenos
perceptíveis, inclusive a observação da sociedade humana sobre o espaço
15 .
Kant e a Revolução Francesa
Estátua de
Immanuel Kant na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da
UFMG.
Em 1784, no seu ensaio "Uma resposta à questão: o que é o
Iluminismo?",
Kant visava vários grupos que tinham levado o racionalismo longe
demais: os metafísicos que pretendiam tudo compreender acerca de Deus e
da imortalidade; os cientistas que presumiam nos seus resultados a mais
profunda e exacta descrição da natureza; os cépticos que diziam que a
crença em Deus, na liberdade, e na imortalidade, eram irracionais.
Kant mantinha-se no entanto optimista "Teoria política de Kant e
Herder: Despotismo Esclarecido e Legitimidade da Revolução"] de Gonçal
Mayos, começando por ver na [Revolução Francesa] uma tentativa de
instaurar o domínio da razão e da liberdade. Toda a Europa do Iluminismo
contemplava então fascinada os acontecimentos revolucionários em
França.
A Revolução francesa vai no entanto ser um marco de viragem, também
na filosofia de Kant. Observando a evolução e as realizações práticas,
Kant volta a reflectir sobre a prometida razão e liberdade.
No plano religioso, em 1792, Kant, ao escrever a obra
Der Sieg des guten Prinzips über das böse und die Gründung eines Reichs Gottes auf Erden
(A vitória do princípio bom sobre o princípio mau e a constituição de
um reino de Deus sobre a terra), afirma ainda cheio de optimismo: "A
passagem gradual da fé eclesiástica ao domínio exclusivo da pura fé
religiosa constitui a aproximação do reino de Deus".
16
Nessa obra, o "reino de Deus" anunciado nos Evangelhos recebia como
que uma nova definição e uma nova presença: a Revolução podia apressar a
passagem da fé eclesiástica à fé racional; onde chegasse a Revolução a
"fé eclesiástica" seria superada e substituída pela "fé religiosa", ou
seja, pela "mera fé racional."
Em 1795, no livro
Das Ende aller Dinge ("O fim de todas as
coisas"), a perspectiva é já completamente diferente. Kant toma agora em
consideração a possibilidade de que, a par do fim natural de todas as
coisas, se verifique também um fim contrário à natureza, perverso:
Se acontecesse um dia chegar o cristianismo a não ser mais digno de
amor, então o pensamento dominante dos homens deveria tomar a forma de
rejeição e de oposição contra ele; e o anticristo [...] inauguraria o
seu regime, mesmo que breve, (baseado presumivelmente sobre o medo e o
egoísmo). Em seguida, porém, visto que o cristianismo, embora destinado a
ser a religião universal, de facto não teria sido ajudado pelo destino a
sê-lo, poderia verificar-se, sob o aspecto moral, o fim (perverso) de
todas as coisas.17
Face à violência inaudita da Revolução Francesa, e ao novo tipo de
autoritarismo que se firmava nas "Luzes" da razão, Kant vai também
reflectir acerca dos seus conceitos políticos.
18
Marcos na vida de Kant
1724 - Kant nasce a 22 de abril.
1740 - Neste ano,
Frederico II torna-se Rei da
Prússia. Foi um rei que trouxe sinais de tolerância à Prússia, que era uma nação célebre pela disciplina militar. Trouxe iluministas (
Voltaire, o mais famoso) para a corte e continuou a política de encorajamento à imigração que o pai tinha seguido.
1746 - Falecimento do pai de Kant. Kant deixou de ter sustento. Teria de encontrar trabalho como professor particular.
1748 -
1754 - Kant dá aulas a crianças em pequenas vilas das redondezas.
1755 -
Publicação do Livro "História natural genérica e teoria dos céus". Kant
consegue o título de Mestre e o direito a dar aulas na Universidade
Alberto. Daria aulas como docente privado. Não pago pela Universidade
mas pelos próprios alunos. Nesse ano, Kant foi influenciado pelo
desastre que foi o
Terramoto de 1755, em
Lisboa/
Portugal,
em parte pelo resultado de tentar entender a enormidade do sismo e as
consequências, publicou três textos distintos sobre o assunto.
1762 - Kant lê as recentes publicações de
Rousseau, "
Emile" (uma obra filosófica sobre a educação do indivíduo) e o ensaio "
Contrato social".
1770 -
Kant torna-se professor de Lógica e Metafísica na Universidade, após 14
anos como docente (pago pelos alunos). Kant lê por volta desta altura a
obra de
David Hume, que o terá despertado do seu "sono dogmático", como ele próprio disse.
1773 - Ironicamente,
Frederico II, um protestante, concede refúgio à Ordem dos
Jesuítas, banidos pelo Papa.
1774 - Auge do movimento romântico chamado "
Sturm-und-Drang".
Herder publica "Também uma filosofia da História para educação da Humanidade".
1781 - Kant publica em Maio "
Crítica da Razão Pura". A reacção é pouco encorajadora.
Moses Mendelssohn e
Johann Georg Hamann pronunciam-se com indecisão.
Selo de 250 anos de nascimento de Immanuel Kant (1724-1804).
1783 -
Kant escreve um artigo intitulado "O que é o Iluminismo?" para a revista
"Berlinischen Monatsschrift", como resposta a uma discussão na mesma.
Um anónimo tinha escrito que a cerimónia do casamento já não se
conformava ao espírito dos tempos do iluminismo. Um pastor perguntou na
resposta, que era então o
iluminismo. Kant respondeu com o seu artigo.
1788 - Publicação de "
Crítica da Razão Prática". Morte do amigo Johann Georg Hamann.
1789 - Início da
Revolução Francesa.
Kant pronuncia-se inicialmente de forma favorável à Revolução, e
sobretudo à secularização resultante, após o qual o Rei da Prússia
Frederico Guilherme II da Prússia proíbe Kant de se pronunciar sobre quaisquer temas religiosos.
1795 - Publicação do tratado "Para a paz eterna", na qual surge a perspectiva de um cidadão do mundo esclarecido.
1804 - Com
80 anos de
idade, Kant faleceu em
Königsberg, após prolongada doença que apresentava sintomas semelhantes à
Doença de Alzheimer. Já não reconhecia sequer os seus amigos íntimos.
Obras
- Dissertação sobre a forma e os princípios do mundo sensível e inteligível (1770);
- Crítica da Razão Pura (1781);
- Prolegômenos para toda metafísica futura que se apresente como ciência (1783);
- Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785);
- Fundamentos da metafísica da moral (1785);
- Primeiros princípios metafísicos da ciência natural (1786);
- Crítica da Razão Prática (1788);
- Crítica do Julgamento (1790);
- A Religião dentro dos limites da mera razão (1793);
- A Paz Perpétua (1795);
- Doutrina do Direito (1796);
- A Metafísica da Moral (1797);
- Antropologia do ponto de vista pragmático (1798).
- Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura;
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